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Jacob Berzelius

Um dos fundadores da química moderna

Jöns Jacob Berzelius (1779 - 1848)

Jöns Jacob Berzelius, foi um químico sueco que nasceu a 20 de agosto de 1779, em Linkoping, e morreu a 7 de agosto de 1848, em Estocolmo. É considerado um dos fundadores da química moderna, tal como John Dalton, Antoine Lavoisier e Robert Boyle, pois formulou alguns dos conceitos fundamentais da química.

Jacob Berzelius
Jöns Jacob Berzelius (1779 - 1848)
Um dos fundadores da química moderna

Estudou Medicina na universidade de Uppsala sendo depois professor de medicina, farmácia e botânica no instituto Karolinska em Estocolmo.

Em 1822 ingressou no Instituto de França ocupando-se com a classificação dos minerais segundo a respetiva composição química. Os seus estudos de electrólise levaram-no à concepção basilar da teoria electroquímica. Determinou os pesos atómicos de cerca de 43 elementos. Isolou o cálcio, o bário, o estrôncio, o silício, o titânio, o zircónio, e descobriu o selénio, o tório e o césio. Reconheceu a existência de isómeros (em química orgânica) e descobriu o fenómeno da catálise (nome que introduziu no vocabulário químico).

O seu legado científico

No final do século XVIII, quando Berzelius iniciou a sua carreira como investigador da Química, a grande revolução que transformou as ciências exatas, com destaque para a própria química, ainda estava no seu alvorecer. As conceções de Antoine Lavoisier foram pioneiras na grande transformação dos conceitos químicos que ocorreria nas décadas seguintes.

Mas a mudança não poderia acontecer sem alguma resistência: os químicos ingleses, liderados por Joseph Priestley e Henry Cavendish, empenhavam-se em refutar as ideias de Lavoisier, enquanto as academias do resto da Europa e do Mundo simplesmente ignoravam as novas propostas. O conceito fundamental de que a matéria é composta por elementos químicos ainda não fora devidamente esclarecido, conhecendo-se nessa altura apenas 23 substâncias, vagamente descritas como "simples" na falta de um conhecimento mais preciso da sua composição.

A própria nomenclatura química não era uniforme e estava muito longe de ser racional: os nomes e símbolos ainda eram herdados dos alquimistas e flogistianos, com grandes variações de país para país. Era o resultado natural de séculos durante os quais o estudo das substâncias naturais fora o terreno quase exclusivo da alquimia e da sua busca pelas míticas transmutações, do elixir da vida eterna e da pedra filosofal.

Apesar de tudo, a influência da alquimia no desenvolvimento da química enquanto ciência foi marcante, sendo fortemente sentida mesmo depois de Lavoisier estabelecer os fundamentos da ciência química. A simbologia alquímica, por exemplo, foi adotada pelos químicos do século XIX, sendo substituída pela notação moderna apenas com a universalização das fórmulas químicas resultantes dos trabalhos pioneiros de Berzelius.

Mesmo quando John Dalton enunciou a teoria atómica, admitiu regras arbitrárias para explicar a combinação dos elementos, algo que os químicos não aceitavam. Por outro lado os químicos, mesmo Humphry Davy, o paladino da eletroquímica e da estequiometria, tinham dificuldade em aceitar o conceito de átomo, falando em números proporcionais de partículas. Mesmo depois de William Hyde Wollaston ter introduzido o conceito de equivalente químico, Louis Joseph Gay-Lussac continuava a usar a expressão "relações ponderais" para descrever a estequiometria dos compostos que estudava. Como os termos eram sinónimos, era grande a confusão no campo da química.

Foi esta época de imprecisão científica que Berzelius conheceu e ajudou a transformar. Trabalhando de forma sistemática, realizou experiências e descobertas marcantes, cuja influência ultrapassou as fronteiras da Suécia, expandindo-se por toda a Europa culta e depois pelo Mundo. Quando morreu a química estava completamente modificada, cabendo-lhe um papel de destaque nessa evolução.

Apesar da enorme importância do seu trabalho, e do rigor e precisão com que realizava as suas análises, Berzelius utilizou em toda a sua carreira um modesto laboratório e equipamentos na sua maior parte por si concebidos e construídos. Consagrando-se como o grande precursor da investigação em estequiometria e na determinação precisa das massas atómicas, o valor científico de Berzelius sai extraordinariamente realçado quando se considera o material simples do seu laboratório e o facto de ter realizado sozinho a parte mais importante da sua imensa obra preparatória e analítica. Consta que em 1820 preparava pessoalmente o ferrocianeto de potássio a partir do azul da Prússia muito impuro que encontrava numa loja local e que obtinha o álcool a partir de aguardente.

Foram particularmente importantes as suas contribuições no campo da determinação dos pesos atómicos. Apesar dos valores obtidos por Berzelius por vezes serem o dobro ou mesmo o quádruplo dos reais, eles foram fundamentais para a afirmação da teoria atómica e para as descobertas que se seguiram. Quando em 1819 os químicos franceses Pierre Dulong e Alexis Petit descobriram a regra do calor atómico, a que se juntou o aparecimento dos critérios de pureza, até então intuitivos, o trabalho de Berzelius ganhou um novo fôlego e as suas determinações adquiriram outro grau de precisão.

Quando em 1860 Robert Wilhelm Eberhard von Bunsen e Gustav Kirchhoff desenvolveram a espectroscopia, mostrando que cada elemento possui uma determinada propriedade quanto à luz emitida, estava finalmente aberto o caminho para a demonstração cabal da teoria atómica. A lista de novos elementos foi-se rapidamente expandindo, até que em 1870 atingia os 64 elementos, demonstrando para além de qualquer dúvida razoável que os atomistas como Berzelius estavam certos.

Finalmente em 1870 o químico Dmitri Ivanovich Mendeleev propôs a sua famosa tabela periódica dos elementos, demonstrando que as suas propriedades químicas são uma função periódica das massas atómicas, corrigida posteriormente por Henry Moseley para número atómico. As fundações da química moderna estavam assim lançadas.

Referências:

Wikipédia - Jacob Berzelius

Nautilus - Jacob Berzelius