A Gota é uma artrite comum causada pelo excesso de ácido úrico no sangue. Trata-se de uma doença que ataca principalmente as articulações e, se não tratada a tempo, pode afetar órgãos como os rins e o fígado. Cerca de dois por cento da população mundial sofre desta doença, sendo a sua incidência muito maior nos homens do que nas mulheres. Entre os doentes, existe em média uma mulher em cada oito homens.
Esta doença resulta de uma acumulação de ácido úrico no sangue. Isso pode acontecer devido à produção excessiva desta substância ou devido a uma eliminação deficiente da mesma.
A concentração normal de ácido úrico no sangue é até 7,0 mg/100ml de sangue. Em determinados países, a população com ácido úrico acima deste valor poderá atingir cerca de 18% da população. Destes indivíduos, somente 20% poderão vir a desenvolver a gota, ou seja, ter ácido úrico alto não é igual a manifestar esta doença.
É importante detetar quem tem ácido úrico elevado pois muitas vezes esses indivíduos têm pressão alta, são diabéticos e têm aumento de gordura no sangue com aterosclerose e a descoberta da hiperuricemia faz com que indiretamente sejam diagnosticados os problemas sérios que já existiam.
Outro risco para hiperuricemia é desenvolver cálculos renais de ácido úrico ou, raramente, doença renal.
É uma doença de homens adultos. As mulheres poderão ter crise de gota após a menopausa. Pode haver diagnóstico de gota em homem e mulher jovens mas certamente serão situações raras.
A doença já foi caracterizada como uma doença de nobres ou ricos, pois as carnes e o vinho tinto podem desencadear a crise.
As primeiras manifestações desta doença surgem como dores nas articulações:
A articulação do pé, por ser naturalmente desprotegida, é geralmente a primeira a ser atingida pela gota. A dor é aguda e súbita e a região onde a crise acontece fica vermelha e muito inchada. Os sintomas da primeira manifestação da doença duram entre três e quatro dias.
Se não for feito um tratamento devido desde a primeira manifestação da gota, as crises continuarão e poderão atingir outras articulações como as do joelho.
As articulações dos dedos, punho, cotovelo, mãos e ombros também poderão ser atingidas.
A chamada gota crónica é uma etapa mais avançada da doença, pois as complicações podem já estar instaladas em outros órgãos do corpo, além das articulações. Neste caso, podem surgir por exemplo deformações e defeitos irreversíveis nas articulações.
Quando as células do corpo são destruídas para que novas células se instalem no organismo, os núcleos de cada uma eliminam substâncias que devem ser excretadas pelo corpo. O ácido úrico é uma delas e deve ser eliminado através da urina.
O tecido conjuntivo é o que fica na união de um osso com outro, na articulação. O ácido úrico costuma ser solúvel neste tecido. Quando a sua concentração aumenta (num organismo com pré-disposição genética para sofrer a doença), a gota pode manifestar-se.
Um trauma ou uma agressão nas articulações costuma ser o principal desencadeador da gota. A articulação do dedo grande do pé é a mais delicada do organismo, pois é pouco protegida. Se, por exemplo, o indivíduo caminhar muito durante o dia com sapatos fechados, tende a ficar com os pés inchados.
No fim do dia, hora do descanso, a tendência é de os pés desincharem. Se o indivíduo tiver excesso de ácido úrico no sangue, a água sairá rapidamente, mas o ácido permanecerá dentro da articulação. A região fica ácida e o ácido úrico tende a cristalizar. A crise só acontece se houver cristalização.
A cristalização do ácido úrico provoca a ação dos neutrófilos, células de defesa do organismo que engolem os cristais. Como a quantidade de cristais é muito grande, muitos neutrófilos atuam e provocam a inflamação do tecido. Com isso, vem a crise aguda da gota.
Na maioria das vezes, a primeira crise acontece nos pés. Frequentemente na articulação do dedo grande do pé. Com menor frequência, na parte de baixo do pé ou no tendão de Aquiles. O sintoma imediato é a dor.
Imediatamente, o pé (ou a parte do corpo acometida pela crise) fica inchado, vermelho e quente. Se a gota não for tratada com atenção desde a sua primeira manifestação, é possível que a doença atinja outras articulações, como joelho, cotovelos, mãos e se torne crónica, com crises permanentes.
Quando o indivíduo vai dormir bem e acorda de madrugada com uma dor insuportável que em mais de 50% das vezes compromete o dedo grande do pé.
Há situações de dor tão forte que os pacientes não toleram o lençol sobre a região afetada. Pode haver febre baixa e calafrios. A crise inicial dura 3 a 10 dias e desaparece completamente. O paciente volta a levar vida normal. Fica sem tratamento porque não foi orientado ou porque não optou pelo que foi prescrito.
Nova crise pode voltar em meses ou anos. A mesma articulação ou outra pode ser afetada. Qualquer articulação pode ser atingida. As dos membros inferiores são preferidas mas encontram-se gotosos com graves deformidades nas mãos. Não havendo tratamento, os espaços entre as crises diminuem e sua intensidade aumenta. Os surtos ficam mais prolongados e, mais tarde, com tendência a envolver mais de uma articulação. Há casos em que algumas articulações não voltam a ficar livres de qualquer sintoma.
A gota não é uma doença que se possa prever. Só se trata do problema quando ele é identificado. O tratamento é feito com remédios capazes de reduzir a produção do ácido ou de aumentar sua eliminação pela urina. Durante uma crise, os medicamentos mais usados são os anti-inflamatórios.
Evitar alimentos com muito ácido úrico, como fígado ou animais pequenos e bebidas como vinho tinto e cerveja, também fazem parte do tratamento.
Se o cristal do ácido úrico se depositar nos rins, a doença já se encontra num estágio mais grave. A cada inflamação, o rim cicatriza e retrai-se. Essa retração deixará as artérias mais estreitas. O sangue terá mais dificuldade em passar. Para tentar resolver o estreitamento arterial, o organismo segreta uma substância, chamada angiotensina, que aumenta a pressão sanguínea. Entretanto, essa hipertensão não acontece apenas no rim, mas em todo o organismo. Assim, a gota pode levar às doenças consequentes da hipertensão, como enfarte do miocárdio ou derrame.
Trauma nas articulações.
Alimentos ricos em ácido úrico, como fígado, animais pequenos, como codornas, peixes, entre outros.
O álcool também provoca acúmulação do ácido úrico nos rins.
Retire a carne vermelha da sua alimentação. É muito rica em purinas, que são metabolizadas no organismo e formam o ácido úrico. As aves e o peixe também contêm uma quantidade considerável de purinas.
Tenha o cuidado de não ingerir demasiada couve-flor, amendoins, cogumelos, ovos, lentilhas, ervilhas e feijão, pois, em grandes quantidades, aumentam a produção de ácido úrico. A alimentação com níveis relativamente baixos em proteínas é benéfica.
Elimine as bebidas alcoólicas. Elas aumentam a produção e reduzem a eliminação do ácido úrico. Os ataques agudos de gota são, muitas vezes, precipitados por uma ingestão excessiva.
Não coma alimentos fritos ou com gordura que foi aquecida. Isso baixa os níveis de vitamina E, levando a um aumento da precipitação do ácido úrico.
Beba muita água para aumentar a excreção do ácido úrico. É bom acrescentar à água um pouco de sumo de limão pois ajuda no processo.
Certifique-se se algum medicamento que está a tomar é o responsável pelos níveis elevados de ácido úrico.
Evite cafeína e alimentos com elevado teor de gordura, como bolos e folhados.
Se estiver com excesso de peso, um programa de perda de peso, bem planeado, ajudará a baixar os níveis de ácido úrico.
Aumente, na sua alimentação, a quantidade de aipo, morangos, cerejas, abacate e feijão-verde, pois ajudam a excretar o ácido úrico.
Há várias tisanas que podem controlar os níveis de ácido úrico, na sua maioria por aumentarem a eliminação; as urtigas, o zimbro, os pés de cereja, o freixo, a folha de oliveira, a bardana, o alcaçuz e o harpago são alguns exemplos.
As terapias médicas dependem, normalmente, de medicamentos anti-inflamatórios, mas estes têm, muitas vezes, efeitos secundários muito desagradáveis e, até, graves. Muitas pessoas não toleram este tratamento e, para outras, é contra-indicado devido a outros problemas de saúde co-existentes.
Dê um banho de contraste à parte afetada, com 3 minutos de água quente e 1 minuto de água fria. Repita pelo menos 3 vezes, para melhorar a circulação e diminuir a inflamação e a dor. Para maximizar o efeito, este tratamento pode ser aplicado várias vezes durante o dia.
Em seguida, aplique, na parte afetada, uma cataplasma de carvão ativado ou de argila, para aumentar a excreção de ácido úrico.
Coma apenas fruta fresca e vegetais durante alguns dias.
Beba entre um litro e meio a dois litros de água por dia, com sumo de limão.
Aplique óleo de pimenta de Caiena (disponível em farmácias) para ajudar a aliviar a dor.
O harpago (vulgarmente chamado garra do diabo) não só ajuda a eliminar o ácido úrico, como também tem efeito anti-inflamatório, sem, contudo, causar a irritação gastrointestinal que os medicamentos anti-inflamatórios causam. É melhor tomá-lo em forma de cápsulas.
A bromelaína (do ananás), a ulmeira, a uncaria (unha de gato), e o açafrão também possuem ação anti-inflamatória, mas requerem doses razoavelmente grandes para ajudar a aliviar a dor e inflamação da gota. Combinar dois ou mais agentes será benéfico.
Qualquer pessoa que tenha experimentado a dor de um ataque agudo de gota não hesitará em concordar que vale a pena fazer todos os possíveis para evitar essa forma de artrite. Mesmo no caso de sofrer de gota, muito pode ser feito para melhorar rapidamente a situação e minimizar a dor e o sofrimento.